Em pleno século 21, um batalhão de amputados surge todos os meses no Rio em virtude de complicações provocada por uma doença bem conhecida: a diabetes. Dados obtidos pelo vereador Carlos Eduardo (PSB), presidente da Comissão de Saúde da Câmara, mostram que, somente no ano passado, 1.403 pessoas tiveram partes dos membros inferiores, como pés e pernas, removidos em hospitais públicos - mais de cem pacientes por mês, em média. O número faz do Rio a cidade que mais amputa no país, conforme matéria publicada neste domingo no jornal O Globo . As condições precárias de atendimento aos diabéticos, que são 7,47% da população do estado, constatadas num estudo publicado pela revista especializada "The review of diabetic studies", são apontadas como causa da maioria das complicações.
O número de amputações na cidade, registradas pelo Ministério da Saúde, foi considerado alarmante pelo vereador. Das 1.403 pessoas que passaram pelo procedimento no ano passado, 601 tiveram dedos do pé removidos; 69, o pé inteiro; 584, a perna na altura da coxa; e 149, a perna inteira. Os meses com mais registros foram janeiro e fevereiro, com média de seis amputações por dia. Em todo o estado, foram 2.380 amputações no ano passado, o maior número do Brasil.
Os diabéticos também enfrentam um calvário para conseguir remédios de distribuição gratuita. Alguns hospitais, como o da Lagoa e o Hupe, até criaram laudos padronizados para fornecer aos pacientes, para que eles possam ingressar na Justiça e pleitear os remédios. No ano passado, 2.369 processos sobre fornecimento de medicamentos para diabetes e outras doenças foram propostos no Tribunal de Justiça. Em 2007, foram 856, até março.
Publicado no Jornal O Globo em 27/05/2007