sábado, 12 de setembro de 2009
PRA REFLETIR ...
Eu tenho razão
Por Dario Lostado
Esgrimindo esta frase: eu tenho razão,
Desfazem-se os casamentos,
Perdem-se os amigos,
Pais e filhos se afastam,
Os povos vão à guerra,
As discussões se estendem e azedam,
Destroem-se os diálogos,
Matam-se os homens.
Mas quem tem razão?
Razão é uma virtude que só é possuída por quem acredita que não a tem.
Porque, se acredita no contrário, já não a tem.
Pois ninguém tem toda a razão.
Todos têm, da razão, alguma coisa (contanto que falem com mediana
razoabilidade).
Em caso de discussão, ninguém tem toda a razão com exclusividade.
Não é possível a ninguém conhecer a verdade completa de todas as coisas,
sob todos os aspectos. Vale dizer, de coisa nenhuma.
Somente o Uno, Aquele que tudo conhece e que é a própria Verdade, tem toda
a Razão. E justamente Aquele que tem toda a razão permite que nós também tenhamos a
nossa pequena parte da razão.
O importante é respeitar a parte de razão "do outro" – mas sem reticências,
com sinceridade. É preciso reconhecer que o outro pode perceber aspectos que eu não vejo.
Desde que coisas e problemas apresentam diversos ângulos e que eu, a partir
da minha perspectiva, não os posso ver todos...
Ninguém tem toda a razão. Mas todos nós temos, normalmente, uma parcela de razão.
Às vezes maior, às vezes menor. Mas uma parcela. Quem concede e compreende a razão do outro, aumenta o grau da sua própria razão.
Quem se fecha na sua única razão, amesquinha essa razão. Limita-se. Tem
menos razão.
Ao dialogar, é necessário ser compreensivo. Diálogo compreensivo é o daqueles que tentam compreender a posição contrária, não, porém, a partir de sua própria perspectiva e, sim, a partir da perspectiva contrária.
As coisas, a partir da perspectiva do outro, serão vistas de outro modo.
Surgirá um ângulo que antes não era visto.
Os fanáticos de uma determinada ideologia só enxergam uma única
perspectiva, e se negam a ver outra, diferente dessa. Quanto mais fanáticos são eles, mais se obcecam na própria atitude e menos querem examinar outra, diferente. Os fanáticos tanto mais se amesquinham quanto maior for o seu fanatismo. Quanto mais cegos ficarem, menos razão terão.
Os fanatismos podem ser políticos, artísticos, científicos, esportivos,
filosóficos, religiosos, nacionalistas, racistas, sociais... e pessoais. Fanatismo é um tipo de cegueira espiritual.
O único modo de crescer como pessoa e viver mais intensamente é crescer em
amplidão de consciência e compreensão do mundo. Os fanáticos orgulham-se de viver com etiquetas. E, na maioria dos casos, defendem-nas com atitudes cegamente fanáticas. Aparentemente, o fanatismo é um dos modos de essas pessoas apregoarem a
insegurança que sentem. Elas precisam manter teimosamente suas atitudes de teimosia e rejeição às atitudes alheias porque interiormente reconhecem a pouca consistência de suas idéias. Tornam-se pequenos ou grandes cegos; pequenos ou grandes "sem razão".
A razão da imensa, da infinita verdade, você a terá: ela será concedida a
você na medida em que reconhecer que não está com toda a razão.
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