sábado, 16 de janeiro de 2010

CIDADÃO DO MUNDO
















O filósofo Sócrates, ao ser questionado sobre sua pátria, dizia que era um “cidadão do mundo”. Esta frase sempre me marcou muito, em especial quando vejo a situação caótica em que vivem milhões e milhões de seres humanos – tão humanos quanto eu ou qualquer outra pessoa!

Quando olho para a situação da África (que, epidemiologicamente falando, parece ter parado no século XIX, onde as pessoas ainda morrem de doenças de muito fácil controle nos países mais desenvolvidos) o que eu sinto é uma imensa vergonha.

Hoje os olhos do mundo se voltam para o Haiti – lugar, aliás, que nunca deveríamos ter desviado o olhar. Este pequeno país, que conta com pouco mais de 10 milhões de habitantes, sempre teve como sua mais marcante característica a miséria absoluta da grande maior parte da sua população. Na verdade, o terremoto que destruiu sua principal cidade (Porto Príncipe) agrava em muito uma situação já marcadamente caótica deste povo. O que antes era uma situação de grande miséria, agora torna-se uma situação de total desolação. Não bastasse a dor da perda dos entes queridos e dos lares, a população já tão sofrida tem que enfrentar a fome, a sede, a violência, as doenças que advém como decorrente do terremoto – como se já não bastassem as doenças da miséria, da falta de saneamento, da falta de recursos mínimos.

Neste momento, volto a pensar em Sócrates! Preciso ir alem dos meus limites geográficos e me ver como cidadã do mundo. Não tenho muito a fazer diante da situação caótica dos haitianos. Mas posso – e devo! – aprender com ela.

Temos, pertinho de nós, pequenos haitis. São milhares de pessoas – muitas crianças e idosos ainda mais fragilizados – que necessitam de nossa compaixão, de nosso olhar, de nosso cuidado. Infelizmente, para muitos, a miséria, a pobreza, da desigualdade representa apenas um número distante da realidade. Para outros tantos, pessoas nesta situação de exclusão, representam uma ameaça, um risco. Há ainda os que nem chegam a enxergar esta situação, vivendo numa situação de total alienação. Não sei de quem me compadeço mais: se dos excluídos e miseráveis ou se dos alienados covardes. Só tenho uma certeza: ambos precisam de ajuda: cada um dentro de sua necessidade!

Talvez seja bem mais fácil estar ao lado dos excluídos e miseráveis! Pois destes sabemos quais suas carências, suas necessidades. Temos meios de cuidar e minimizar as disparidades – por mais que isso seja um grande desafio! Já os alienados covardes, diante deles o desafio é bem maior! As carências são de natureza mais complexa; parece faltar-lhes, muitas vezes, o que nos dá a característica de SER HUMANO. Falta-lhes a compaixão, a capacidade de se sensibilizar com a dor e sofrimento do outro ...

É vendo-me como cidadã do mundo que me sinto na obrigação moral de fazer algo diante desta caótica situação! E diante da impossibilidade de estar lá no “nosso Haiti”, sigo na minha já assumida missão: ser gente que cuida de gente seja no Haiti ou em qualquer outro canto desta nossa casa que se chama planeta Terra.

Sandra Impagliazzo

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